Nossa história
Quando da grande depressão de 1929, as vendas de café no mercado internacional diminuíram vertiginosamente. A cidade de Santos, cuja economia estava profundamente vinculada aos negócios do café, mergulhou em uma grave crise financeira e econômica. Sem trabalho, os carregadores portuários - na maioria, portugueses que moravam no Morro da Nova Cintra -, passaram por um período de fome e muitos deles batiam de porta em porta, mendigando alimento.

Um grupo de senhoras santistas resolveu socorrer essa gente, servindo diariamente uma refeição gratuita. Inicialmente, essa prática acontecia numa pequena sala do bairro do Jabaquara. Integravam esse grupo: Senhora Pedro dos Santos Filho, Julia de Brito Franco, Carmem Porchat Kannebley, Firmina Miranda, Sofia Hisdorf, Maria do Carmo de Araújo Costa e Addy Prost de Souza Melchert.

Logo a notícia da refeição grátis se espalhou e o lugar ficou pequeno para atender a todos que ali chegavam. Com o apoio do Albergue Noturno Municipal, o Prato de Sopa passou a utilizar cozinha e refeitório instalados em um grande galpão, próximo ao Morro da Nova Cintra.

Ali funcionou até o ano de 1940, quando se transferiu para uma casa situada na Rua Henrique Porchat, até que ficasse pronta a sede própria. Inaugurada a sede definitiva em 1943, o Prato de Sopa para lá se transferiu sob a presidência da senhora Maria Luiza da Cunha Magalhães.

Em 1947, a conselho de Sigefredo Augusto Cavalcanti de Albuquerque Magalhães, Maria Luiza estabeleceu convênio com a Igreja Católica, através do qual cedia o segundo andar do edifício para receber um pequeno número de freiras vindas da Itália - era o início da Ordem das Irmãs Canossianas no Brasil, que chegaram a Santos no dia 17 de junho de 1947.

Com esse arranjo, o Prato de Sopa contava com gente disposta ao trabalho e buscava recursos junto à sociedade santista. As senhoras da diretoria promoviam eventos como rifas, bingos e jantares beneficentes, arrecadanado fundos para seu reforço de caixa. Todos os anos, perto do Natal, Sigefredo Magalhães passava o "Livro de Ouro" do Prato de Sopa entre amigos e empresários da cidade, que contribuíam generosamente.

Por volta de 1960, a sede do Prato de Sopa passou por ampla reforma, recebendo uma série de melhorias. Foi também em 1960 que a Associação foi declarada de utilidade pública pela Prefeitura Municipal de Santos.

No ano de 1967 foi extinto o convênio com a Igreja Católica e as freiras canossianas se retiraram.

Em 1975, Dona Maria Luiza empreendeu nova reforma e ampliação na sede da instituição, construindo às suas expensas um amplo dormitório com instalações sanitárias, a que deu o nome de Pavilhão Sigefredo Magalhães, em homenagem a seu falecido marido, grande benemérito da instituição. O objetivo era dar solução a um problema realmente aflitivo e desumano: os doentes que recebiam alta dos hospitais públicos eram devolvidos às ruas em estado de fraqueza e convalescença. Assim, Maria Luiza construiu o novo pavilhão para abrigá-los até que ficassem completamente restabelecidos. Em 1976, para levar a cabo esse projeto, ela firmou convênio com a Secretaria da Promoção  Social do Estado, que passou a concorrer com uma pequena equipe de apoio, constituída por um médico, um enfermeiro e um assistente social, enquanto que o Prato de Sopa assumia todas as demais despesas.

Em 1986 o Prato de Sopa foi declarado de utilidade pública pelo Governo do Estado de São Paulo, passando a contar com uma verba estadual, que ajudava a manter o seu pequeno quadro de funcionários: um administrador, auxiliar de escritório, cozinheiro, etc. Essa verba, sempre insuficiente diante das despesas operacionais, era reforçada com promoções de eventos beneficentes e arrecadação de donativos na sociedade santista.

O projeto de Dona Maria Luiza, em paralelo às atividades normais do Prato de Sopa, funcionou a contento de 1976 a meados de 1989, quando o convênio com o governo do Estado foi desfeito. Como o Prato de Sopa não tinha recursos para manter uma equipe técnica de plantão para os doentes, a diretoria viu-se obrigada a desativar o Pavilhão.

Dona Maria Luiza presidiu o Prato de Sopa até a sua morte repentina, em 1988. No lugar dela assumiu sua filha, Maria de Lourdes Magalhães Ozores, que obteve do Governo Federal a declaração de utilidade pública, em 1993, juntamente com o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social pelo Conselho Nacional de Assistência Social. Maria de Lourdes manteve o Prato de Sopa em funcionamento, lutando bravamente para superar as dificuldades financeiras acarretadas pelas seguidas crises econômicas do país.

Em 2009, ainda sob a presidência de Maria de Lourdes, o Prato de Sopa passou por profunda reformulação, que modificou completamente seu processo de trabalho e de atendimento. Abandonando o antigo caráter assistencialista de suas atividades, hoje o Prato de Sopa está focado em novos e mais amplos projetos, cujos objetivos são a inclusão social e o resgate da cidadania.